“Não vejo a hora de sair dessa cidade... cansei de tudo e todos, quero ser livre, conhecer pessoas novas.” Você reconhece ou se identifica com esse pensamento? Esse cenário costuma ser muito comum, principalmente em momentos de transição da vida.
Estamos cansados da mesmice, entediados com a rotina. Os conflitos familiares se tornam mais frequentes e a necessidade de liberdade se torna cada dia mais urgente. Contamos os dias para começar uma nova vida, bem longe daquele lugar que já não nos agrada mais.
O cenário parece perfeito: morar em outro país, viver outra cultura, fazer novas amizades, passear muito, vivenciar experiências inesquecíveis e, quem sabe, até iniciar um relacionamento.
Quando decidimos partir para a aventura de viver no exterior, temos a consciência de que chegaremos sozinhos, sem conhecer ninguém e teremos que construir novos laços de amizade. Porém, muitas vezes esse processo pode ser mais demorado e dolorido do que imaginamos.
A excitação da chegada
Os primeiros dias – e talvez até meses – são realmente inesquecíveis. Tudo é novo, excitante e mágico. A sensação daquela tão sonhada liberdade agora toma conta dos nossos dias.
A rotina conta com elementos novos: as pessoas de culturas diferentes, as comidas de diversos países do mundo, os novos lugares a serem visitados e tantas outras coisas que fazem nossos olhos brilharem. Nos novos grupos de amigos, os brasileiros chamam a atenção por serem tão sociáveis... a verdade é que atraímos o interesse de muitos pela nossa alegria e espontaneidade. Até mesmo os mais tímidos encontram, na vida no exterior, uma oportunidade de se conectarem com mais pessoas.
No primeiro momento, conhecer pessoas novas não é tão complicado! Mesmo em um país diferente, às vezes sem falar a língua local, será possível fazer amizades sem grande esforço. Se você estudar, terá colegas de classe; se trabalhar, terá os colegas de trabalho; se conhecer um brasileiro que já reside no país há mais tempo... aí você está feito.
Mas, como nada é perfeito, a fase do "oba oba" vai passando e você se dá conta de que quem decide morar no exterior também tem obrigações como estudar e trabalhar. Apesar do cenário diferente – agora já nem tanto - uma rotina começa a se estabelecer... é nessa nova fase que o sentimento de solidão costuma aparecer.
Um cenário não tão perfeito assim
Já ouviu alguém falar que estava cercado de pessoas, mas nunca se sentiu tão sozinho? Isso acontece justamente porque o sentimento de solidão não está necessariamente relacionado ao isolamento social.
De repente, nos encontramos em um cenário totalmente diferente da nossa vida, distante de tudo e de todos, tentando nos habituar a uma nova rotina, lidando com questões profissionais, financeiras, culturais. Acredite: não é nada fácil e a carga emocional fica pesada.
Apesar da companhia física das pessoas, sentimos um verdadeiro buraco emocional e, muitas vezes, uma falta de conexão e sintonia com esses novos conhecidos, justamente em um período que precisamos muito de apoio.
Principalmente depois que amadurecemos, fazer novas amizades não é mais tão simples como era na adolescência. Já temos nossa personalidade formada, nossos gostos, hábitos, valores e limites e ficamos mais seletivos com o círculo de pessoas que nos rodeiam.
Amizades que vem e vão
Quando você vivencia a experiência de estudar e trabalhar no exterior, a diversidade cultural das pessoas que você conhece é uma das coisas mais excitantes. Você pode ter colegas de classe e/ou de trabalho de vários lugares do mundo. Cada um com uma história diferente: alguns vieram pra ficar, outros estão apenas passando as férias, outros em um intercâmbio de média duração.
Mas, como nada é perfeito... aproveitando que falamos em rotina: se tem algo que faz parte da rotina os imigrantes é a despedida. Muitas vezes, fazemos amizades com pessoas que estão apenas de passagem por aquele país. É muito comum conhecer alguém, se apegar e logo depois, ter que dar tchau sem saber quando – e se – ocorrerá o próximo encontro.
Difícil né? Como se não bastasse a saudade de casa, ainda precisamos lidar com o desapego a cada vez que alguém próximo vai embora. É como se não fosse possível criar um laço com ninguém, pois logo aquela pessoa já não estará mais presente.
Tentando se fazer presente apesar da distância
Em paralelo com o sentimento de frustração por não conseguir construir laços reais de amizade, tentamos manter as relações que tínhamos no Brasil, apesar da distância física.
Se mesmo perto, já não é tarefa fácil ser presente na vida de todos aqueles que amamos, imagine fazer isso estando há milhares de quilômetros de distância. É preciso fazer um grande esforço para não perder o contato com aqueles que amamos e que faziam parte da nossa rotina.
Como já sabemos, a jornada no exterior pode se tornar solitária. Nesses momentos, precisamos de acolhimento, apoio, suporte e compreensão. Por isso a importância de fortalecer as suas relações no Brasil, manter contato e, principalmente, ser honesta e aberta quanto ao que está sentindo e enfrentando.
Muitas vezes, as pessoas que ficaram no Brasil não conseguem entender aquilo que estamos passando, o que dificulta ainda mais a relação. Não tenha medo de ser vulnerável e demonstrar suas fraquezas, isso vai te aproximar ainda mais das pessoas que te amam. Você não precisa fingir que a vida no exterior é perfeita.
A solidão chegou. Como lidar com ela?
E quando a solidão chega? Mesmo mantendo seus laços com família e amigos que ficaram no Brasil, às vezes você realmente se dá conta de que está sozinha naquela situação, pois não há uma intimidade tão profunda com as pessoas ao seu redor. Assim, você acaba se vendo sem uma rede de apoio.
O primeiro passo é entender e aceitar a sua condição: você fez essa escolha. Você decidiu viver uma nova vida. Aproveite para se reconstruir, se reinventar, tire o maior proveito possível desse momento – porque, acredite, há muitos aprendizados nos momentos de solidão.
Estabeleça laços com pessoas da cultura local e não apenas com aqueles que estão sempre indo e vindo. Em todo lugar é possível encontrar pessoas com as quais nos identificamos; basta procurar nos centros comunitários, em grupos do Facebook de pessoas do seu bairro, biblioteca local ou mesmo em sites que unem pessoas com interesses em comum (ex. fotografia, Yoga, etc).
Crie, onde mora, um espaço com a sua identidade. Tenha o seu cantinho, com seus pertences, com as coisas que te representam e que lembram sua história de vida. A simples presença de um porta-retrato, de um objeto de decoração ou de qualquer outro elemento que dá à casa um toque personalizado faz com que você se sinta mais pertencente àquele local, não um mero visitante/hóspede. Essa sensação de permanência pode te ajudar a encarar seus problemas de frente e a buscar soluções para eles, ao invés de fugir.
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Quem escreve:
Dra. Camila Couto e Cruz é psicóloga com formação em Gestalt-Terapia e PhD em Psicologia Social pela University of Queensland; uma das 50 melhores universidades do mundo, de acordo com o QS World University Ranking. Dra. Camila trabalha com psicoterapia na modalidade online, atendendo brasileiros que vivem no exterior através de uma abordagem dinâmica, voltada para a autorregulação e ajustamento criativo do indivíduo. Agende uma sessão informativa sobre a psicoterapia online clicando AQUI.
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