
Oportunidades de emprego infinitas, salários abundantes, rotina perfeita, viagens e passeios diariamente. Tão perfeito que até parece história de filme, né? Esse é o imaginário dos brasileiros quando falamos em morar no exterior.
Porém, só quem vive no exterior sabe o quão dura é a vida de um imigrante. A todo momento temos que provar o nosso valor para fazer coisas simples e complexas da vida. A realidade que ninguém imagina é que conseguir um trabalho sem falar tão bem a língua local é super difícil, e que até mesmo achar um quarto para morar pode ser uma tarefa quase impossível em alguns países.
O imaginário de que o brasileiro que vive fora está "nadando em grana" atrapalha as relações com os amigos e familiares no Brasil. Muitas pessoas simplesmente não entendem que, mesmo que o dólar ou euro estejam altos, eles estão altos em relação ao real... nos países em que vivemos, ganhamos a moeda local e também pagamos as nossas contas em moeda local.
Morar no exterior não significa que estamos milionários, realizados profissionalmente ou que nossas vidas se resumem a viagens maravilhosas. Mesmo estando em um outro país, temos nossas obrigações. Trabalhamos, estudamos, lidamos com burocracias e diversas dificuldades. Já é hora de parar de romantizar a vida do imigrante.

Estou regredindo ao invés de progredir?
As impressões da vida no exterior diferem muito do que é a realidade dos fatos e a vida do imigrante está longe de ser perfeita, em diversos sentidos. Muitas vezes, temos que lidar com o sentimento de regressão, principalmente quanto à nossa profissão.
Se no Brasil tínhamos cargos altos em grandes empresas, mestrado ou doutorado, isso pode não importar no país no qual estamos indo morar. Na grande maioria das vezes, precisamos nos submeter aos subempregos para conseguir sobreviver aos primeiros meses, e guardar o currículo extenso na gaveta.
Esse sentimento pode gerar profundo desgosto e frustração. O plano era crescer, se desenvolver. Sentimos que estamos indo justamente no sentido oposto, dando passos para trás, voltando as peças no jogo. É preciso ter muita sabedoria e maturidade emocional para aceitar esse momento das nossas vidas, entendendo que a experiência pode trazer uma carga de aprendizado muito grande.
Uma dica importante é: não esconda o que você está passando daquelas pessoas que te amam. Não tenha vergonha, pelo contrário, tenha orgulho desse seu momento de reinvenção. Você teve coragem o suficiente para abandonar sua zona de conforto e se entregar a um momento totalmente novo e diferente.
Além de tudo, a saudade
Com a pandemia, o sentimento de solidão aumentou nos imigrantes e isso se refletiu na clínica psicológica. Nos últimos tempos, eu tenho recebido diversos pacientes sentindo-se perdidos, sem saber o que fazer, pois o medo de perder um ente querido fez com que se questionassem sobre a decisão de morar fora do Brasil.
O medo da perda, a sensação de incerteza e instabilidade profissional e financeira, até o arrependimento das decisões... Será que tomei a decisão certa quando decidi por essa mudança? Por que não fui visitar minha família quando pude? Quando vou poder vê-los novamente? Todas essas dúvidas e sentimentos assolaram os imigrantes nos últimos tempos.
O sentimento de tristeza também foi algo presente na queixa dos pacientes, já que quem vive no exterior está longe da sua principal rede de apoio. É verdade que fazemos amizades, às vezes até dividimos a casa com outras pessoas, mas nenhuma dessas relações vai ser suficiente para nos sentirmos tão amparados, como nos sentimos com nossos amigos de longa data ou nossa família.
Por outro lado, os amigos e família que ficaram no Brasil não compreendem os desafios da vida no exterior e tendem a minimizar os problemas enfrentados por quem mora fora. Em níveis profundos, o imigrante sente-se sozinho, mesmo estando acompanhado por outros.
A melhor solução: ser verdadeiro (consigo e com os outros)
Não estar vivendo aquilo que idealizamos também pode ser motivo de frustração. Talvez nós tenhamos sido ingênuos o suficiente para acreditar que seria perfeito (ou perto disso). Talvez nós tenhamos quebrado nossas próprias expectativas e acabamos nos decepcionando.
Em primeiro lugar, é preciso fazer as pazes com você e com a sua nova vida. Se acolha, entenda o momento que você está vivendo, celebre as conquistas, as novas experiências. Dê risada dos perrengues, pois pode ter certeza que eles serão ótimas histórias para contar no futuro. Seja verdadeiro com você mesmo e não tente fugir da sua realidade, por mais difícil que esteja sendo.
Depois de encarar a realidade, seja sincero com as pessoas próximas a você, sejam as que ficaram no Brasil ou qualquer outra rede de apoio que você tenha. Se mostrar vulnerável aproxima as pessoas de você. Todos estamos lidando com algo difícil e você não precisa sustentar a imagem de “vida perfeita” que os outros criaram. Lembre que isso não te leva a lugar algum.
Inclusive, ao contar a realidade, de que a vida no exterior não é como nos filmes, você pode ajudar outras pessoas que tem os mesmos planos que você e também pensam em morar no exterior. Sendo verdadeiro e sincero, mostre que apesar dos inúmeros pontos positivos, as dificuldades e obstáculos também existem e seja útil como puder. Facilite o caminho que você já trilhou.

Invista nas suas relações
É necessário investir em tempo de qualidade com os que nos amam, para que as conversas possam sair do superficial e, assim, você possa se abrir sobre os seus sentimentos. As conversas superficiais, nesses casos, acabam aumentando a sensação de solidão e podem levar a quadros de depressão e ansiedade.
É tempo de cuidar de si, de reduzir a pressão a nível pessoal e de doar um pouco do nosso tempo para simplesmente perguntar se está tudo bem com o outro. Ninguém tem uma vida perfeita, uma vida dos sonhos.
Todos estamos sendo confrontados com nossas realidades nuas e cruas, sem filtros do Instagram e fotos de viagem. Somos só nós e nós mesmos em frente ao espelho, tentando nos conhecer melhor e passar por esse momento delicado com saúde mental.
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Quem escreve:

Dra. Camila Couto e Cruz é psicóloga com formação em Gestalt-Terapia e PhD em Psicologia Social pela University of Queensland; uma das 50 melhores universidades do mundo, de acordo com o QS World University Ranking. Dra. Camila trabalha com psicoterapia na modalidade online, atendendo brasileiros que vivem no exterior através de uma abordagem dinâmica, voltada para a autorregulação e ajustamento criativo do indivíduo. Agende uma sessão informativa sobre a psicoterapia online clicando AQUI.
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